Não tinha ninguém bamba.
A minha mãe tinha complexo de santa.
E meu pai, um boêmio enrustido.
Na minha casa não tocava samba,
Lá o amor tava bem próximo da dor.
E ninguém sabia lá, o que era sorrir.
Na minha casa não tinha samba.
É por isso que fiquei cheio de purques.
De Miguelas, de não me toques,
É por isso que fiquei com essa lepra emocional.
Esse medo de gente, é a falta do bendito do samba.
Eu aprendi a ser rebelde com James Dean.
Me apaixonei pela guitarra Ritchie Valens.
E meu primeiro orgasmo foi com o piano de Lewis.
Na minha casa não tocava samba, mas tinha televisão.
Eu me apaixonei pelo samba de I love you,
Mas conhecido pelos chiques nos últimos por Rock’n Roll.
No fundo é a mesma música de negro,
Feita pra balançar o esqueleto!
Minha rebeldia sem causa?
É que eu não conhecia Noel Rosa.
Mas eu queria deixar meu abraço pra uns malandros.
Malandros de verdade, daqueles que usam a lábia,
Ao invés da navalha!
Daqueles que encantam a alma, e calam os porquês,
Numa sensação gostosa de “é bom estar vivo”.
E fazem a gente querer acordar no outro dia,
Pra encontrar o pessoal e batuca mais um pouco.
Que tem letras que falam da gente, a gente se vê,
A gente se entende, a gente dá risada, e se sente junto.
A gente!
Essa é a magia do samba,
Mas na minha casa não tocava samba.
E era tudo tão cinza,
Que muitas vezes eu pensei em tingir de vermelho.
Mas tem tanta gente que eu nem conheço,
E que salvou a minha vida.
Abraço pra vocês!
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