segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Dos desígnios do Samba!

Na minha casa não tocava samba.

Não tinha ninguém bamba.

A minha mãe tinha complexo de santa.

E meu pai, um boêmio enrustido.

Na minha casa não tocava samba,

Lá o amor tava bem próximo da dor.

E ninguém sabia lá, o que era sorrir.

Na minha casa não tinha samba.

É por isso que fiquei cheio de purques.

De Miguelas, de não me toques,

É por isso que fiquei com essa lepra emocional.

Esse medo de gente, é a falta do bendito do samba.

Eu aprendi a ser rebelde com James Dean.

Me apaixonei pela guitarra Ritchie Valens.

E meu primeiro orgasmo foi com o piano de Lewis.

Na minha casa não tocava samba, mas tinha televisão.

Eu me apaixonei pelo samba de I love you,

Mas conhecido pelos chiques nos últimos por Rock’n Roll.

No fundo é a mesma música de negro,

Feita pra balançar o esqueleto!

Minha rebeldia sem causa?

É que eu não conhecia Noel Rosa.

Mas eu queria deixar meu abraço pra uns malandros.

Malandros de verdade, daqueles que usam a lábia,

Ao invés da navalha!

Daqueles que encantam a alma, e calam os porquês,

Numa sensação gostosa de “é bom estar vivo”.

E fazem a gente querer acordar no outro dia,

Pra encontrar o pessoal e batuca mais um pouco.

Que tem letras que falam da gente, a gente se vê,

A gente se entende, a gente dá risada, e se sente junto.

A gente!

Essa é a magia do samba,

Mas na minha casa não tocava samba.

E era tudo tão cinza,

Que muitas vezes eu pensei em tingir de vermelho.

Mas tem tanta gente que eu nem conheço,

E que salvou a minha vida.

Abraço pra vocês!

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