quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Sentidos demais...

Durante muitos anos me gabei por não sentir ódio, me gabei pela minha própria desgraça, quem não odeia não ama, e eu, eu não amava faz tempo.Andando em círculos, tentando ir além do além, o que não é muito para alguém que perdeu a fé...


Tentando achar o significado, o sentido, a essência, buscando conhecer o íntimo da existência, ser o mecânico das engrenagens do mundo, mas batendo nas paredes invisíveis, sem a habilidade do ladino, punido por ser menino gaiato,reciclado,modelado,enquadrado,artificial, falso, limitado, perdido, genérico, sem graça, fosco, covarde, mentiroso, fraco, medroso, arrogante, sou o antagonismo de mim.


É o que criei, é o que criaram, passei com mérito em todas as matérias e não sei português, uma enorme perda de tempo, treinados para serem tijolos, a escola devia mesmo é ensinar a dança e conversar, isso sim, é importante.

Me sinto lesado por não saber fazer a mágica das palavras, como eram mesmo?


“Pasmei de invejar tanta pobre criatura,
correndo ao hiante abismo, e de alma alucinada,
Que tem no próprio sangue a embriaguez que procura
E que prefere a dor à morte e o inferno ao nada.”


Minha alma está espremida, sentindo o peso de tantas limitações, uma, duas, três vidas não seriam suficientes para recuperar meu direito, nascer na áfrica, no Tibet, em Londres, em moscou, no bizâncio, no meio do deserto, ser islâmico, ser mulher, ser americano, ser do norte, do sul e do suldeste do Brasil, resnacer em todas as épocas e todos os lugares, perder muitas cabeças, ganhar muitas cabeças, beber todas as bebidas, saber todas as músicas, todas as viagens do LSD e da heroína, ter mais que uma overdose, ter todas as overdoses, de todas as drogas, de todas as coisas. Então, sim, haveria justiça e morte feliz, e ainda sim, alguém renasceria para ser eu.


A felicidade é correr de um vagão ao outro do trem, mas a minha alma não percebe sentido nisso.

Um comentário:

Elise disse...

A 'vida' é limitada demais, não? E limita a alma também, o ponto está em não deixá-la acostumar-se a estar malditamente espremida, por mais que doam os arranhões que ficam quando ela tá soltinha e de tão grande acaba sendo arrastada atrás de nós (ou na nossa frente).